O meu Reino não é deste Mundo

por Bertani Marinho

Durante seu julgamento, quando interpelado por Pilatos, Jesus respondeu: “O meu reino não é deste mundo” (João, 18:36). Há, pois, de acordo com o Divino Mestre, uma distinção entre este e outro mundo. Este é o mundo terreno e o outro é o Reino de Deus. Este mundo corresponde à dimensão material e o outro refere-se à dimensão espiritual.

O mundo da dimensão material, como bem disse Joanna de Ângelis, “é um educandário de desenvolvimento dos recursos espirituais do ser em trânsito para o Reino dos Céus”. Isso significa que estamos apenas temporariamente, em muitas reencarnações, na dimensão material, no mundo terreno, que é para nós uma escola, onde temos de aprender o necessário para a nossa caminhada rumo à plenitude do mundo espiritual. Em outras palavras, este mundo é apenas um meio para atingirmos um mundo superior: mas é um meio necessário.

“Estamos neste mundo para aprender”, se diz comumente. Aprender o quê? Se quisermos sintetizar a resposta, atendo-nos ao essencial, diremos: “Aprender a amar”. Aprendendo a amar, estaremos preparando um lugar no Reino de Deus. Mas, para isso – como nos adverte o Espírito denominado “Uma Rainha de França” –, há que se incorporar igualmente as virtudes da “abnegação, humildade, caridade em toda sua plenitude, e benevolência para com todos”. Viemos, portanto, a este mundo, para aprender e colocar em prática as virtudes essenciais à expressão do verdadeiro amor.

Não devemos considerar este mundo um vale de lágrimas ou uma região de dores infernais, como também assinala Joanna de Ângelis. Nosso mundo terreno é, antes de mais nada, um educandário. Emmanuel chama-o de “grande educandário”:

“De portas abertas à glória do ensino, a Terra, nas linhas da atividade carnal, é, realmente, uma universidade sublime, funcionando, em vários cursos e disciplinas...”.

E como acontece com as demais Universidades, as lições não se resumem somente ao aprendizado teórico, mas devem ser complementadas pelo aprendizado prático. Algumas dessas práticas, como dissemos, são a abnegação, virtude que se expressa pelo desprendimento e pelo altruísmo; humildade, sentimento alheio à arrogância e ao orgulho; caridade, expressão concreta do amor ao próximo; e, benevolência, manifestada como boa vontade na prática do bem para com todos.

Quando nos dedicamos ao aprendizado do amor, estamos realizando a finalidade maior a que viemos nesta existência. E estamos também contribuindo para o aprimoramento do próximo e para a melhoria do mundo. Não podemos esperar que o mundo melhore, nós é que devemos contribuir para que o mundo se aperfeiçoe.    

Sem dúvida, o reino a que aspiramos não é deste mundo, mas este mundo é o educandário que, bem usufruído, nos conduz a nosso verdadeiro fim: O Reino de Deus

Referências: 

1.FRANCO, Divaldo. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Jesus e o Evangelho à luz da psicologia profunda. 6.ed. Salvador: LEAL, 2020 (Série Psicológica Joanna de Ângelis, vol. 11), 2020, p. 21.

 2.KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. 6.ed. Cap. 2, item 8, p. 52.

3. XAVIER, Chico. Pelo Espírito Emmanuel. Roteiro. 10.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998, cap. 9, p. 43

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